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sábado, 20 de outubro de 2012

Castro Alves

Poeta dos escravos 

Estava passeando ou por que não dizer, navegando pela net quando vi um site de poemas de amor, dei uma averiguada e observei que falava sobre alguns escritores da literatura brasileira, muito embora houvesse também espaço para que os internautas pudessem postar seus próprios poemas e poesias, gostei bastante e achei bem interessante, mas preferi relembrar a época em que estudava literatura e relí alguns poemas de nossos autores brasileiros considerados imortais de nossa literatura tais como: Antonio Frederico de Castro Alves, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Manoel Antônio Álveres de Azevedo. Resolvi então postar um poema de um deles para abrilhantar o nosso Blog, fazer algo diferente e o escolhido foi: Hora da Saudade de Castro Alves, o "Poeta dos escravos".

Poeta brasileiro da última fase do romantismo (Muritiba-BA, 1847 - Salvador, 1871) Extremamente sensível ás inspirações revolucionárias e liberais do séc. XIX, viveu com intensidade os grande episódios históricos do seu tempo e foi, no Brasil, o anúncio da Abolição e da República; devotou-se apaixonadamente á causa abolicionista, o que lhe valeu a antonomásia de "Cantor dos escravos". Teve intensa vida sentimental, havendo desempenhado importante papel em sua lírica a ligação amorosa com a atriz eugênia Câmara. Duas vertentes se distinguem em sua poesia: a feição social e humanitária, à Vitor Hugo, em que alcança momentos de fulgurante eloquencia épica; a feição lírico-amorosa, mesclada da sensualidade de um autêntico filho dos trópicos.

Hora da Saudade

Tudo vem me lembrar que tu fugiste,
Tudo que me rodeia de ti fala.
Inda a almofada, em que pousaste a fronte
O teu perfume predileto exala

No piano saudoso, à tua espera,
Dormem sono de morte as harmonias.
E a valsa entreaberta mostra a frase
A doce frase qu'inda há pouco lias.

As horas passam longas, sonolentas...
Desce a tarde no carro vaporoso...
D'Ave-Maria o sino, que soluça,
É por ti que soluça mais queixoso.

E não vens te sentar perto, bem perto
Nem derramas ao vento da tardinha,
A caçoula de notas rutilantes
Que tua alma entornava sobre a minha.

E, quando uma tristeza irresistível
Mais fundo cava-me um abismo n'alma,
Como a harpa de Davi teu riso santo
Meu acerbo sofrer já não acalma.

É que tudo me lembra que fugiste.
Tudo que me rodeia de ti fala...
Como o cristal da essência do oriente
Mesmo vazio a sândalo trescala.

No ramo curvo o ninho abandonado
Relembra o pipilar do passarinho.
Foi-se a festa de amores e de afagos...
Eras — ave do céu... minh'alma — o ninho!

Por onde trilhas — um perfume expande-se
Há ritmo e cadência no teu passo!
És como a estrela, que transpondo as sombras,
Deixa um rastro de luz no azul do espaço...

E teu rastro de amor guarda minh'alma,
Estrela que fugiste aos meus anelos!
Que levaste-me a vida entrelaçada
Na sombra sideral de teus cabelos!...

Curralinho, 2 de abril de 1870.
Antonio Frederico de Castro Alves.


 

Biografia, obras e estilo literário






Antônio Frederico de Castro Alves foi um importante poeta brasileiro do século XIX. Nasceu na cidade de Curralinho (Bahia) em 14 de março de 1847.
No período em que viveu (1847-1871), ainda existia a escravidão no Brasil. O jovem baiano, simpático e gentil, apesar de possuir gosto sofisticado para roupas e de levar uma vida relativamente confortável, foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados.
Manifestou toda sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a qual os negros eram submetidos. Este seu estilo contestador o tornou conhecido como o “Poeta dos Escravos”.
Aos 21 anos de idade, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma comemoração cívica, o “Navio Negreiro”. A contra gosto, os fazendeiros ouviram-no clamar versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros eram submetidos.
Além de poesia de caráter social, este grande escritor também escreveu versos líricos-amorosos, de acordo com o estilo de Vítor Hugo. Pode-se dizer que Castro Alves foi um poeta de transição entre o Romantismo e o Parnasianismo.
Este notável escritor morreu ainda jovem, antes mesmo de terminar o curso de Direito que iniciara, pois, vinha sofrendo de tuberculose desde os seus 16 anos.
 
Apesar de ter vivido tão pouco, este artista notável deixou livros e poemas significativos.
Poesias de Castro Alves:
 
- Espumas Flutuantes, 1870
- A Cachoeira de Paulo Afonso, 1876

- Os Escravos, 1883

- Hinos do Equador, em edição de suas Obras Completas (1921)

- Navio Negreiro (1869)

- Tragédia no lar
 
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